Dieta e cozinha mediterrânea

Já faz algum tempo, um restaurante em Recife se apresentava como especializado em cozinha mediterrânea. Acostumada com restaurantes que se apresentam especializados em cozinhas por país ou por região, não entendia como era possível se propor uma cozinha tipicamente mediterrânea. Ora, sempre me pareceu inviável misturar em um prato os sabores dos países do sul e do norte do mar mediterrâneo. E mais, se se tomasse um prato de cada país que tem costa no mediterrâneo para compor o menu do dito restaurante, certamente este não seria especializado em nada. O que no fim das contas, naquela época, para mim, dava no mesmo.

Fuçando aqui e ali, aprendi que a chamada cozinha mediterrânea é assim identificada por utilisar na preparação dos pratos ingredientes que são comuns a quase todos os países mediterrâneos, por exemplo: pimentão, abobrinha, azeite de oliva, pepino, berinjela e tomate. Então, não se trata de classificar a comida com base em suas origens (país ou região) mas pela predominância de certos ingredientes e temperos. E isso não foi tudo que descobri.

Na verdade a cozinha mediterrânea faz parte de um tema mais amplo - a dieta mediterrânea - e esta é profundamente estudada nas universidades de medicina dos países que contornam o mediterrâneo.

Estudando o assunto, os cientistas estão convencidos de que a dieta mediterrânea é, na verdade, uma modo de vida que inclui a atenção que se dá ao que comemos, e além disso, às nossas atividades físicas. Estes estudos, que existem há alguns anos, acabaram por modificar a pirâmide alimentar clássica que aprendemos nas escolas e nos cursos de educação alimentar.

No quadro abaixo uma ilustração do que digo, e do que dizem hoje os cientistas sobre a dieta mediterrânea. Leia com atenção e compare com seus pré-conceitos sobre comer bem. Não, você não viu errado, o boneco passeando faz mesmo parte da dieta mediterrânea, pois, como eu disse, para os cientistas atuais, dieta é antes de tudo um modo de vida e, portanto, é necessário comer bem e fazer exercícios.

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Dizem ainda os cientistas que a associação feita pelos alimentos presentes na dieta mediterrânea favoriza a longevidade em boa saúde.

Exemplo simples para entender a lógica da coisa: muitas dietas recomendam comer legumes e verduras, e nesse ponto todos estão de acordo. Porém, pouco ou nada dizem sobre a estrutura dos nutrientes presentes nesses alimentos e o resultado de sua interação.

Pois bem, a chamada cozinha mediterrânea prefere o limão ao vinagre. Esta escolha pelo limão permite que o ferro presente nos legumes mude de forma, o que possibilita sua absorção pelo organismo humano, coisa que o vinagre não faz, e que o próprio corpo humano sozinho não é capaz de fazer. Dito de outra forma, a gente come um montão de legumes, mas não absorvemos o ferro neles contidos, senão quando as moléculas de ferro são quebradas pelo limão. Mais ferro, melhor renovação dos glóbulos vermelhos, longevidade em boa saúde.

Idem no que concerne a absorção pelo organismo do cálcio presente na vagem (traduzido como "feijão-verde" alimento obrigatório na cozinha dita mediterrânea), absorção esta que pode ser obstada pela falta de vitamina D. E para a síntese desta vitamina, precisamos tomar um solzinho todo dia, o que na dieta mediterrânea é visto como um comportamento saudável. E por aí vai!

E outros benefícios ainda existem, oriundos da forma de temperar tipicamente mediterrânea, como a ausência de sal nas preparações, que é substituído pelas múltiplas ervas que existem nas regiões mediterrâneas, e a utilisação, claro, do azeite de oliva extraído a frio, produto presente em quase todos os países que beiram o mar mediterrâneo.

Aquela coisa de beber uma taça de vinho por dia é verdade mesmo, mas tem que ser vinho vermelho. Dizem os especialistas que existe algo no vinho vermelho, que não é o álcool, que faz bem pra saúde. Eles não sabem explicar ao certo o quê, mas uma taça de vinho tinto por dia é bom pra saúde (mas, atenção, isso não se aplica a nenhum outro tipo de bebida alcóolica, pois o álcool continua sendo um produto ruim pois libera substâncias tóxicas ao organismo!)

Well, se eu soubesse isso tudo antes, teria ido ao tal restaurante especializado em cozinha mediterrânea em Recife. Acho que eu não fui a única que não entendeu a mensagem do lugar, pois o tal restaurante fechou as portas em menos de seis meses…